SINCOBESP realiza mais uma edição do Congresso Brasil Rendering

No dia 10 de maio, o Sincobesp realizou em Campinas, interior de São Paulo, o XX Congresso Brasil Rendering, com o objetivo de reunir empresários do setor de Graxarias e especialistas no segmento de proteína animal para a discussão dos principais temas ligados à evolução da cadeia produtiva, como padrões de qualidade de farinhas e gorduras; segurança alimentar e boas práticas de fabricação de farinhas e gorduras.

O encontro foi aberto pelo presidente do Sindicato, Nelson Braido, que aproveitou para falar sobre o livro comemorativo aos 25 anos da entidade. “Fizemos questão de mostrar que ao longo desses anos, nos organizamos, nos aprimoramos, melhoramos nossas fábricas e não poderíamos deixar de registrar tudo isso.”

Braido destacou o perfil da atividade, que tem na sustentabilidade o foco do seu trabalho. Iniciando um novo mandato, ele reforçou que tem como desafio ter um Sindicato mais coeso e unido e para tanto, a nova diretoria possui um planejamento voltado para a ampliação dos benefícios aos associados.

A primeira palestra foi do deputado Federal e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo ele, o país vive um momento muito delicado em que “as mesmas visões de mundo que outrora afundaram nosso país, insistem em avançar na nossa política pública através do poder Executivo.”

Para o deputado o principal problema ambiental do Brasil não está no campo, pois a agropecuária brasileira é extremamente sustentável. “Nenhum desses países que apontam o dedo para o Brasil, nem os Estados Unidos, nem a União Europeia, ninguém, tem um código florestal que se assemelhe ao nosso.”

“Se você disser para um americano que ele tem que abrir mão de 20% da sua propriedade ou 35% ou 80%, conforme o bioma, para poder manter uma reserva legal, que poderia ser área produtiva, mas que ele tem que abrir mão disso, sem remuneração, ele dá risada da sua cara.”

Salles comenta que o americano coloca como área de conservação e de não plantio, apenas e tão somente áreas que são impróprias para a agropecuária. “Ninguém abre mão de área agricultável para transformar em unidade de conservação, reserva legal ou app*, isso não existe. Só nós fazemos isso.”

Falando sobre as polêmicas em relação ao agronegócio, ele afirma que não existe o agro “ogro” e o “esclarecido”. “Agro é agro. O agro Brasileiro começa desde o produtor rural que está lá na ponta, passa pela indústria, pelo setor de carnes, de proteína animal e dentre outros destinos, vem aqui para o setor de reciclagem animal. Este Congresso o Sindicato, todo esse grupo que está no Cosag e em diversas frentes, prestam um serviço para o meio ambiente, no Brasil, no mundo e para o desenvolvimento econômico. Não existe discussão ambiental desconectada do desenvolvimento econômico.”

O segundo tema foi o mercado de biodiesel, abordado por Donizete Tokarski, diretor da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). Segundo ele atualmente existem 59 usinas de biodiesel em todo o país. A região com mais usinas é a centro-oeste, mas a maior taxa de produção é da região sul.

“Isso significa que o Brasil está atrás apenas de Indonésia e Estados Unidos na produção desse combustível. Se aumentarmos nossa capacidade de produção utilizando as indústrias já instaladas, podemos alcançar a primeira posição”, disse Tokarski.

Encerrando o Congresso Roberto Betancourt – Diretor Titular do Deagro e vice-presidente do Cosag, e Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações e Presidente do CBNA, trouxeram informações acerca do mercado de energia em uma comparação com a produção de grãos e farinhas para o setor alimentício.

Segundo Betancourt, o mercado de energia é muito maior do que o de alimentos.  Ele exemplifica que a indústria da cana em São Paulo viveu altos e baixos até começar o etanol. O Brasil começou com a produção de etanol em uma aventura, mas hoje o etanol é o que dá sustentabilidade à cana de açúcar.

Em um paralelo com o mercado de sebo ele alerta que não é mais preciso destinar o produto para o mercado de alimentação ou de cosméticos, ele pode ir para o setor de energia. Os EUA estão vivendo uma explosão de investimento em biodiesel, HVO e querosene verde de aviação. “O Brasil participa disso exportando sebo para a produção de HVO, ou seja, o mercado do sebo, na minha visão, está garantido, ainda que existam oscilações. O futuro é promissor porque quem pode atender a demanda de energia é quem está posicionado.”

Segundo Ariovaldo Zani, o mundo não questiona mais a competição de alimento contra energia, principalmente com a crise energética na Europa. “A verdade é que o setor energético paga melhor”, afirma. No entanto, alerta, que se a exportação de grãos de soja e farelo continuar nos índices atuais, em 2025 não haverá farelo de soja para atender a demanda interna.

“Por um lado, estamos felizes com a contribuição que o agronegócio traz à balança comercial brasileira. No entanto, essa exportação robusta da commodities, fará com que daqui a pouco não haja soja o bastante para ser esmagada e deixar o farelo que precisamos.”

Para o presidente Nelson Braido, o Congresso foi muito produtivo. “Os temas são muito atuais e interferem diretamente no dia-a-dia das empresas. Nossa responsabilidade cresceu muito para o ano que vem, vai ser difícil superar esta edição.”

Braido ressaltou ainda o crescimento da Fenagra, que propicia uma maior divulgação dos Congressos que acontecem dentro da Feira. “É muito bom saber que o nosso Congresso foi a semente que deu origem a Feira. Estamos chegando a maioridade e ainda temos muito o que crescer.”

*área de preservação permanente

Livro comemora os 25 Anos do SINCOBESP

Com um pequeno atraso em função da pandemia da Covid-19, o SINCOBESP lançou durante o Congresso Brasil Rendering, o livro em comemoração aos 25 anos da Entidade. A publicação reúne a história dos fundadores das primeiras Graxarias, como Ascânio Martinelli, Carbonaro, Pardeli, Giglio e Dal´Mas.

O caminho percorrido por estes desbravadores permitiu a criação das primeiras fábricas, dos primeiros grupos e fortaleceu a reciclagem animal em um tempo onde sustentabilidade ainda não era tão popular.

O livro continua mostrando como o crescimento desse mercado trouxe consigo problemas, ambientais, comerciais e que acabaram por reunir um grupo de empresários que tinha por objetivo, fortalecer o setor, dando origem primeiro a uma Associação e posteriormente um Sindicato.

O material reúne ainda um breve histórico de todas as empresas associadas e termina com uma mensagem do presidente Nelson Braido, ressaltando a importância da atividade, a evolução das empresas e a contribuição que as Graxarias trazem ao meio ambiente.