O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, defende que a indústria tenha um mecanismo próprio de financiamento, a exemplo de outros setores. Seminário na entidade discute o tema
A fim de aprimorar o acesso das empresas industriais ao mercado de capitais, com vistas à redução de custos e aumento de recursos, Fiesp e Ciesp organizaram um seminário para debater o assunto com empresários e especialistas convidados. O evento, realizado na quarta-feira (16/8) teve transmissão ao vivo e pode ser conferido na íntegra no canal da Fiesp no Youtube.
Para o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, a regressão observada na indústria de transformação nas últimas quatro décadas não foi fruto de perda de entusiasmo, inteligência ou empreendedorismo dos empresários industriais brasileiros. É resultado, sobretudo, “de condições absolutamente inóspitas para o desenvolvimento industrial”, disse, na abertura do seminário.
Josué explicou que os juros reais da economia brasileira dos últimos 30 anos e a enorme carga tributária contribuíram para que a indústria de transformação perdesse dinamismo e a produtividade. “Temos juros absurdamente elevados, o que leva as empresas a investir menos. Além disso, a indústria de transformação recolhe 30% do total de impostos arrecadados no país. Por isso, a Fiesp defende de forma rigorosa a Reforma Tributária, que vai desonerar os investimentos e as exportações”, defendeu.
Uma das formas de financiar a atividade industrial é por meio do mercado de capitais. Neste sentido, o presidente da Fiesp sugeriu a criação de um instrumento de financiamento da produção industrial, semelhante ao que já existe no setor imobiliário ou no agronegócio.
Para o presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Fiesp, Pedro Wongtschowski, o mercado de capitais tem grande relevância para o financiamento da indústria, que demanda recursos para crescer e se modernizar. “Ela precisa se descarbonizar, se digitalizar e aumentar a produtividade. E os recursos virão do mercado financeiro”, pontuou.
Em sua exposição, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, lembrou que o custo de capital subiu no mundo todo em função da pandemia. “O mundo viveu algo sem precedentes, o que exigiu do poder público dos mais diferentes países uma intervenção econômica e medidas assistencialistas que aumentaram no mundo inteiro o custo do capital”, disse. “E com taxa de juros alta, o investimento não se torna tão atrativo”, completou.
Com o início do ciclo de cortes nas taxas de juros, entretanto, haverá muitas oportunidades. “Existe um ciclo de crescimento econômico por vir, e o mercado de capitais se organizou para esse momento, em que observaremos muito crescimento, com a indústria brasileira sendo financiada durante muitos anos com suporte no mercado de capitais”, disse Nascimento.
A advogada e integrante do Departamento Jurídico Interno do SINCOBESP, Dra. Talita Ferrari, participou da palestra.
Fonte: Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp