“O Brasil tem um imenso potencial em se tornar líder na produção de biocombustível de segunda geração”. É o que afirmou Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), maior produtor de óleo de palma da América Latina, durante esta manhã no Seminário Agronegócio, organizado pelo LIDE e pelo jornal O Estado de São Paulo, na capital paulista.
Durante sua participação no painel “Os Grandes Desafios do Produtor Rural e do Agronegócio”, Steagall destacou o potencial brasileiro. O foco foi na produção da palma de óleo, também conhecida como dendê. A lei federal permitia o cultivo da planta apenas em áreas degradadas da região amazônica até dezembro de 2007. O Grupo BBF utilizará o óleo de palma para produzir SAF (combustível sustentável de aviação) e Diesel Verde a partir de 2026.
Atualmente, o óleo é usado pela empresa como insumo para a produção de biocombustíveis para geração de energia renovável nos sistemas isolados, que levam energia limpa para mais de 140 mil moradores de localidades remotas na Amazônia.
Potencial e desafios da palma no Brasil: Um caminho para biocombustíveis sustentáveis
Segundo Steagall, o Brasil hoje possui participação tímida no mercado da palma. É o quarto produtor mundial, atrás de Indonésia, Malásia e Tailândia. Para ele, porém, a palma tem muitas virtudes, como a característica de não poder ser mecanizada, o que gera emprego e renda para a população local. Só a BBF emprega sete mil trabalhadores diretamente e outros 21 mil indiretamente em cinco estados do Norte.
“Outro ponto importante: a palma possui uma cadeia de produção ampla. Isso inclui desde a semente até os tratos culturais, colheita e construção de indústrias. Elas se voltam para a extração do óleo, sua transformação em biocombustível e, analogamente, a produção de SAF e Diesel Verde. Vejam quanta oportunidade de emprego essa planta fornece. Só vamos conseguir acabar com o desmatamento se oferecermos oportunidade de emprego para a população da Amazônia”, disse.
O óleo de palma é uma matéria-prima fundamental para o SAF e Diesel Verde posteriormente à sua cadeia química semelhante aos combustíveis fósseis, com carbono C16 e C18.
Além disso, a palma se destaca pela eficiência na produção de óleo. Comparada à soja, produz 10 vezes mais óleo por hectare. Isso tem um impacto positivo nos fatores socioeconômicos e ambientais, tornando o óleo de palma uma escolha relevante para biocombustíveis. “O Brasil precisa encontrar soluções para seus próprios desafios e ser protagonista em sustentabilidade”, afirmou.
O painel contou com a participação de vários líderes do setor agrícola. Entre eles estava Isabel Ferreira, diretora-executiva da Rede ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta) e Érico Pozzer, presidente da APA (Associação Paulista de Avicultura). Edison Ticle, CFO da Minerva Foods, e Francisco Matturro, presidente do LIDE Agronegócios, também estiveram presentes. Em suma, o painel foi mediado pela jornalista Isadora Duarte, editora do Broadcast Agro do Estadão.
SAF e Diesel Verde
Até 2026, o Grupo BBF vai iniciar o fornecimento de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e Diesel Verde para a Vibra Energia (antiga BR Distribuidora) – em contrato de offtaker. A matéria-prima, afinal, para os biocombustíveis avançados será o óleo de palma cultivado pelo Grupo BBF na região Amazônica. A primeira biorrefinaria do país a produzir biocombustíveis em escala industrial fará o refino na planta, por conseguinte, que deve receber um investimento de mais de R$ 2,2 bilhões. A nova planta terá a capacidade de produzir cerca de 500 milhões de litros anualmente de SAF e Diesel Verde.
Fonte: Notícias Agrícolas (Editora Stilo)