UBRABIO defende ampliação do percentual de biodiesel no óleo diesel

Na terceira palestra do XXI Congresso Brasil Rendering, o SINCOBESP recebeu o diretor executivo da UBRABIO (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), Sergio Beltrão, para debater sobre o aumento da mistura do biodiesel na composição do combustível fóssil e a segurança desta transição.

Sergio falou brevemente sobre a entidade que já existe há 17 anos e ressaltou que ela não é composta apenas por produtores de biodiesel. “A gente representa a cadeia produtiva como um todo, temos fornecedores de equipamentos, de insumos e até grandes consumidores no quadro dos nossos associados”.

O diretor executivo explicou que em 2023 o Brasil consumiu cerca de 65 bilhões de litros de diesel, que é o combustível mais utilizado no país, mas já com uma parcela de biodiesel. “O biodiesel foi inserido na matriz energética nacional em 2008 com uma adição de 2% a todo diesel consumido, com variações ao longo dos anos por decorrência de vários fatores como covid, a guerra na Ucrânia e a explosão das commodities.

Recentemente, em abril de 2024, essa adição chegou a 14% em todo diesel de uso terrestre no país. Porém, mesmo com a produção de biodiesel de forma crescente, o Brasil ainda é dependente e continuará sendo dependente do diesel fóssil, até porque a gente não tem notícias de investimentos em novas refinarias e o consumo de diesel está diretamente ligado ao crescimento econômico”, afirma.

Ainda, Beltrão explicou que informações que surgem sobre o biodiesel gerar borra ou prejudicar os motores não são verdadeiras e que o biodiesel brasileiro tem uma alta qualidade, inclusive quando comparado com o dos Estados Unidos, Indonésia e até da União Europeia.

“Os problemas que ocorrem com a degradação dos combustíveis, de uma forma geral, são a falta de aplicação de boas práticas no seu manuseio, na armazenagem e no transporte. Então, qualquer produto que não tiver o cuidado minimamente necessário, vai se degradar ao longo do tempo.

A aparição da borra se dá pela proliferação de bactérias na água que não é drenada adequadamente no fundo dos tanques”, explica Beltrão.

Outro ponto abordado pelo diretor executivo da UBRABIO tratou sobre a reciclagem do óleo de cozinha usado, que está entre as principais matérias-primas do biodiesel brasileiro, que acumulam aproximadamente 750 milhões de litros de óleo de soja utilizados na produção anualmente, seguido da segunda matéria-prima mais relevante que são as gorduras animais.

“O sebo bovino, gorduras de porco, de frango e até de peixe representam cerca de 15% de toda a matéria-prima utilizada no biodiesel. Isso dá em números redondos, quase 800 mil toneladas de gorduras por ano. Aquilo que muitas vezes seria um passivo ambiental é transformado em energia”, comenta.

Na reta final da palestra, Beltrão destacou que os produtores de biodiesel possuem um selo chamado Biocombustível Social, que é uma chancela do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que obriga o produtor a adquirir matéria-prima de agricultura familiar.

“São 300 mil pessoas atingidas neste grande programa de incentivo a agricultura familiar. Em 2021, cerca de R$ 8 bilhões foram obtidos pelas usinas de biodiesel. O programa de biodiesel produz muitas externalidades e o que ocorre é que a população, de uma maneira geral, desconhece essas questões e que o Brasil é visto pelo mundo todo como um expoente em biocombustíveis”, finaliza Beltrão.