Agronegócio precisa se preocupar com a sustentabilidade

O posicionamento do mercado foi o tema da palestra do CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani, durante o Encontro Técnico promovido pelo SINCOBESP durante a FENAGRA 2025. Segundo ele, o setor produtivo percebeu a importância da economia circular, com a utilização do farelo de soja, e o etanol de milho. “É lógico que além da questão ambiental tem a questão econômica, que gera negócios, emprego e reinvestimento.”

Diante deste novo cenário, é importante entender como o país e o mundo vem se movimentando. O CEO traçou um paralelo entre o consumo e as exportações das farinhas e gorduras, que repercutem no preço. Ele lembrou que o Brasil é um dos maiores demandadores de milho e farelo de soja,

Para Zani entre os pontos de atenção para o setor estão os eventos naturais, que geram aumento de preços na pecuária, no entanto, ressalta, o mercado está voltando para um período de neutralidade. As chuvas de abril foram positivas para a produção de milho, o que deve gerar uma safra muito generosa desse cereal, trazendo tranquilidade em relação ao abastecimento, não ao preço. “O preço sofre outras variações com influências de outros fatores.”

De maneira geral, acrescenta, existe milho suficiente para atender à demanda de produção de etanol, as exportações e ao mercado local. No entanto, se as medidas implantadas pelo governo Trump levarem muitos países a trocarem o milho americano pelo brasileiro, pode haver motivo de preocupação.

Resumindo, afirma, clima é algo para ficar muito atento e é preciso adotar práticas sustentáveis que reduzam a emissão de gases, ou de modo geral, a agressão ao meio ambiente. “Não é só mitigação, mas adaptação. O fato é: a temperatura subiu e a agropecuária sofre as consequências, seja na agricultura ou na pecuária.”

Do ponto de vista externo, Zani ressalta os problemas gerados pelas medidas do governo americano, que podem trazer impactos globais em relação ao crescimento, ao câmbio e taxas de juros. “Essas incertezas trazem grande intranquilidade aos mercados.”

Por fim, ressalta, ainda existem as questões domésticas, uma vez que o país continua com problemas nas contas públicas. “Por um lado, o Banco Central tenta controlar a atividade econômica, de maneira monetária, ou seja, mantendo a taxa de juros elevada, mas ele mesmo deixa claro que elevar ainda mais a taxa não vai resolver se o governo realmente não revisar os gastos.”