Indústria de alimentação brasileira e os fatores que afetam essa cadeia

Congresso Brasil Rendering discutiu potencial da agricultura e pecuária nacional

O “panorama da Indústria de alimentação brasileira e fatores que afetam a cadeia produtiva de proteína animal”, foram tema da palestra do CEO do Sindirações (Sindicato Nacional da Alimentação Animal), Ariovaldo Zani. Ele começou explicando que dos 85 milhões de toneladas de ração produzidos pela indústria, cerca de 4 milhões são para animais de companhia, cães e gatos.

Fazendo uma análise geral de como se comportam a agricultura e a pecuária, Zani apresentou o que chama de pontos fortes e pontos fracos, as oportunidades e ameaças que modulam o desempenho do agronegócio. Dentre estes aspectos, o palestrante chamou a atenção para o potencial do país para produzir biocombustíveis. “Quando você fala em bio insumo todo mundo enxerga o Brasil, combustíveis oriundos da agricultura serão a solução para a substituição dos combustíveis fósseis.”

Analistas de mercado apontam que o Brasil responde por 15% do que pode ser oferecido em termos de descarbonização, logo, se isso fosse trabalhado o país poderia ter por ano um faturamento de 15 bilhões de dólares.

Por outro lado, Zani alerta que a pecuária brasileira está crescendo, mas não está consumindo mais ração em função da melhora do aproveitamento dela e o melhoramento genético das espécies, bem como da tecnologia que tem sido incorporada na nutrição animal. “O lado positivo disso é que estamos dizendo para o mundo que conseguimos substituir os grãos por proteínas que têm uma pegada de carbono menor.”

Zani comenta que há uma mobilização menor da área agrícola para produzir tais grãos e os que estão sendo plantados reservam-se para a alimentação humana. O palestrante também destaca que é invejável o que o país vem fazendo nessa nova agricultura e pecuária, diminuindo a poluição ambiental, ou seja, a descarga de nitrogênio, de fósforo e da quantidade de matéria orgânica e da emissão de gases de efeito estufa. “Tudo isso, esse conjunto de fatores, nos faz contribuir fortemente para o controle do crescimento do aquecimento global.”

A exposição destacou ainda que o mundo depende do Brasil em termos de oferecimento e oferta de alimentos, e os números da OCDE – Organisation for Economic Co-operation and Development indicam que as exportações do Brasil cresçam mais do que as exportações globais em alguns itens, isso significa, segundo Zani, que o Brasil vai ocupar espaço de outros, tanto na oferta de matéria-prima, quanto na demanda de produto.

Concluindo, o CEO do Sindirações explicou que acredita na safra de milho, que é a grande preocupação mundial. Para ele, a safra será suficiente para atender o setor, com o aumento da adição do biodiesel no diesel, mais a soja deve ser esmagada, restando mais farelo. “No mundo houve recuperação de safra, como na Argentina, na Ucrânia, nos Estados Unidos e consequentemente uma pressão nos preços das commodities. Ruim para a agricultura, mas bom para a pecuária.”

Por outro lado, a catástrofe no Rio Grande do Sul causada pela influência do La Nina, e a capacidade estática de armazenamento, se traduz em outro gargalo do país. “Não conseguimos alcançar os ganhos de produtividade e o investimento em armazenamento não acompanha a produção. Então, ano a ano, estamos com mais grãos expostos, ou seja, sem capacidade de armazenar.”

Zani incluiu ainda a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a escalada do conflito no Oriente Médio, a redução do ritmo do crescimento chinês (que é um grande comprador do agronegócio brasileiro) e a pressão ambiental da União Europeia, como obstáculos para o desempenho do agronegócio brasileiro.