SINCOBESP

Setor de Reciclagem Animal enfrenta a pior crise dos últimos 25 anos

O Vice-Presidente do SINCOBESP e Executivo do Grupo Giglio, Rodrigo Giglio, é categórico ao afirmar que o setor de reciclagem animal enfrente a maior crise dos últimos 25 anos.

Rodrigo aponta alguns números que revelam os atuais desafios do mercado. Em 2000, o preço da farinha de carne era R$ 0,74 o kg e, em 2024, chegou a R$0,70, uma queda de 5%. Por outro lado, o sebo no ano 2000 custava o kg, R$ 1,55 e, em 2024, chegou a R$ 4,10, um aumento de 264%. Enquanto isso, subiram preços como da energia elétrica de R$ 0,11 kwh (2000) para R$ 0,962 (2024), um aumento de 874%. Em 2000, o litro do diesel era R$ 1,45, em 2024 passou para R$ 5,94, um aumento de 409%. “Estes números refletem as dificuldades pelas quais estamos passando, mas não é só. Temos que lidar com outros importantes desafios. Nos últimos anos, por exemplo, apareceram as empresas clandestinas, isso em todo o Brasil, em uma concorrência desleal com preços impraticáveis. Já fizemos inúmeras denúncias, mas os órgãos competentes não tomam providências”, desabafa Rodrigo.

O empresário chama atenção para um outro problema que precisa ser enfrentado pelo setor de sebo. Dentre as inúmeras finalidades de uso, a matéria-prima, também vai para a produção de sabão e, neste sentido, de acordo com Rodrigo, há muitas batalhas a serem travadas. “Já na década de 50, a indústria de higiene e limpeza se juntou com o governo brasileiro e proibiu, por exemplo, que os sebos fossem destinados para as frituras. Além disso, há alguns anos surgiu a oportunidade no segmento de biodiesel e novamente a indústria de sabão tentou impedir que a matéria-prima fosse destinada a outros mercados; para isso fez uso de justificativas como a de que na pandemia a produção de sabão era prioritária e, também, e que a presença do sebo no diesel pudesse ocasionar problemas nos motores dos veículos. Felizmente conseguimos mudar este cenário”.

Para seguir adiante e enfrentar as dificuldades, as graxarias no Brasil vêm cortando despesas, reduziu dias de coletas e turnos de trabalho, diminuiu o quadro de funcionários e mexeu nos preços. Medidas emergenciais e que não podem e devem perdurar por muito tempo.

O Vice-Presidente do SINCOBESP e Executivo do Grupo Giglio, Rodrigo, esclarece que a situação do sebo é diferente de farinhas, pois a matéria-prima atualmente tem um importante mercado para atender, o norte-americano. “Vem sendo exportada uma média de 40 a 50 mil toneladas por mês de sebo para os EUA. Eles valorizam o crédito de carbono e buscam fornecedores fora do País. Na Giglio, por exemplo, exporto toda a minha produção de sebo para as fábricas norte-americanas de biodiesel que produzem o combustível HVO para os aviões. Se não fosse isso, o sebo estava em uma situação tão difícil e delicada quanto da farinha”.

Tem ainda uma outra situação apontada que dificulta as atividades das graxarias independentes: a atuação de grandes frigoríficos que não têm como negócio principal a venda de farinhas e sebos, por isso, praticam preços que prejudicam a atuação dos menores. “Essas grandes companhias não têm como negócio principal a venda destas matérias-primas. Eles não têm custos com a coleta e compra dos insumos, as mercadorias já estão em suas instalações e comercializam a qualquer preço, atrapalhando consideravelmente as nossas negociações”.

Sobre o futuro, Rodrigo diz que é bastante difícil prevê-lo. “Nosso mercado é regulado pela soja e, hoje, os dados divulgados por este segmento não representam a realidade. O momento exige união do nosso setor e troca de informações, em busca de alternativas e soluções para que tenhamos negócios saudáveis e sejamos valorizados como o nosso setor, que presta um grande serviço de utilidade pública, merece”, finaliza o executivo.

“O momento exige união do nosso setor e troca de informações, em busca de alternativas e soluções para que tenhamos negócios saudáveis e sejamos valorizados”, Rodrigo Giglio.

Fonte: Revista Reciclagem Animal – Editora Stilo.